VOCE DIZ AQUILO QUE VOCÊ PENSA? (Uma prática para te ajudar nas conversas difíceis)
Todos nós ao longo do dia passamos por situações onde algumas conversas ficam difíceis e por vezes os conflitos acabam acontecendo.
Por isso, resolvi trazer uma técnica que pode ajudá-lo a encarar estas situações. E vamos diretamente a ela!!
Pense em uma conversa difícil que você teve recentemente (pode ter sido com o seu chefe, colega de trabalho, marido, esposa, namorado (a), parente). Apenas certifique-se de escolher uma conversa que tenha “desandado”: uma discussão com o seu chefe sobre o prazo de entrega de um relatório, uma conversa com o cônjuge sobre ir almoçar na casa da sogra no domingo. O objetivo aqui, é transformar a sua conversa deplorável em algo útil e valioso. Assim, quanto pior tiver sido a situação e conversa, melhor para o exercício.
Pegue uma folha de papel e escreva um parágrafo com o contexto de sua conversa difícil.
1. Que eventos relevantes a precederam?
2. Qual foi o problema que a provocou?
3. Onde foi que ela ocorreu?
4. Quem participou da conversa?
5. Quais eram os seus pensamentos e sentimentos no começo da discussão?
6. Qual era, segundo a sua percepção, o estado de espirito da outra pessoa?
7. O que você estava tentando conseguir? Porque isso era tão importante para você?
Agora, no mesmo papel, abaixo do parágrafo, trace uma linha vertical no meio da folha. Na coluna da direita, transcreva tão minuciosamente possível o diálogo ocorrido. Evite interpretações ou observações adicionais. Apenas escreva exatamente o que a outra pessoa disse. Quando terminar, imagine entregar esta folha de papel para a outra pessoa. Considere se ela aceitaria tudo o que você escreveu como expressão do que, de fato, foi dito.
Quando terminar de escrever o diálogo, volte-se para a coluna da esquerda. Escreva tudo o que você pensou e sentiu, mas não disse. Por enquanto deixe de lado o que você achou que a outra pessoa estivesse pensando ou sentindo. Concentre-se naquilo que você pensou e sentiu durante o andamento da conversa.
Agora, examine o impacto de sua conversa mais atentamente. Pegue outra folha de papel e responda:
1. Como a conversa afetou o objeto da discussão?
2. Como a conversa afetou seu relacionamento com a outra pessoa?
3. Como a conversa afetou seu estado de espírito e bem-estar?
Releia o que escreveu na coluna da esquerda. Imagine que você tivesse dado voz a tudo o que você pensou, exatamente como escreveu. Então responda a estas perguntas:
1. Como a conversa teria sido afetada se você tivesse dito o que escreveu na coluna da esquerda?
2. Como o relacionamento com a outra pessoa teria sido afetado se você tivesse dito o que escreveu na coluna da esquerda?
3. Como o seu estado de espírito e bem-estar teriam sido afetados se você tivesse dito o que escreveu na coluna da esquerda?
Se você se parecer com grande parte dos meus clientes que já fizeram esta pratica, provavelmente, houveram boas razões para você não ter dito o que escreveu na coluna da esquerda. No entanto, ocultar o que pensa e sente também traz consequências negativas.
Pare por um momento para considerá-las e responda às seguintes perguntas:
1. Como o objeto da discussão foi afetado por você não ter falado o que pensou e sentiu?
2. Como o seu relacionamento com a outra pessoa foi afetado por você não ter falado o que pensou e sentiu?
3. Como o seu estado de espírito e bem-estar foram afetados por você não ter falado o que pensou e sentiu?
Quando fazemos este exercício percebemos que a nossa coluna da esquerda está cheia de coisas “não qualificadas”. Nela, há opiniões desagradáveis e amplas generalizações, bem como, intensas emoções, como medo, ira e ansiedade.
Esta pratica da coluna da esquerda, revela um vasto território que raramente vem à luz. Contudo, para a maioria de nós isto não é novidade. Mas, infelizmente, insistimos em agir como se ninguém estivesse fazendo isso, como se as nossas colunas da esquerda não fossem densamente povoadas.
Existe uma parábola de Hans Christian Andersen chamada “As Roupas Novas do Imperador”, e diz:
“ Uma dupla de espertalhões convence o imperador a comprar uma roupa feita com um tecido mágico. São vestimentas especiais, asseguram os vigaristas ao imperador, tão especiais que são invisíveis aos idiotas e aos que não são tão dignos de permanecer no cargo que ocupam. Obviamente o imperador não vê roupa alguma, mas, não desejando ser exposto como indigno, finge que as vê. Todos os seus serviçais e o resto da população, tampouco desejando ser taxados de idiotas, também fingem ver as roupas. Mas, nem todos têm medo. Durante o desfile, um menino vê o mandatário e exclama: “ O rei está nu! ”
Todos nós podemos continuar a agir como se estivéssemos vestindo finos tecidos – ou podemos ter coragem suficiente para falar a verdade, admitir que estamos nus.
De fato, é impossível apagar a coluna da esquerda – se quisermos melhorar as nossas relações, precisamos encontrar um modo de lidar com esta coluna, encontrando um equilíbrio entre “cuspi-la” ou “engoli-la”,
Então o que fazer?
Processe a sua coluna da esquerda, local onde você deposita todo o “lixo tóxico”. Ao escreve-la você já se torna mais consciente do que pensa e sente, mas não diz. Aceitar o fato, por exemplo, que você não gosta do seu chefe, não significa que você se delicia com isso. Você não precisa e nem deve falar mal dele. Basta apenas que você aceite o fato de carregar aquele julgamento. A aceitação é simples, direta e poderosa. Parte do poder da coluna da esquerda vem da sua recusa em reconhecê-la.
Boa prática!
Para entender melhor a técnica veja o vídeo em inglês:
Fonte: Consciência nos Negócios/ F. Kofman.