VIVER COM CONSCIÊNCIA
A Revista Exame, do último dia 13 de fevereiro de 2019, publicou uma matéria sobre o desafio da espiritualidade nas empresas, e diz: “a espiritualidade começa a forçar sua entrada …, mas ainda é difícil para as empresas entenderem como dar espaço a ela, e o sistema reage a ela como uma ameaça”.
Para mim o conceito de espiritualidade que faz mais sentido é o que eu aprendi com o espanhol Xavier Pedro Gallego : “espiritual é quando o espírito se manifesta, no aqui e agora, neste exato momento, nesta realidade em que vivemos. Para compreendermos o que digo, é necessário aceitar que em algum momento este espírito decidiu viver uma experiência na matéria, e escolheu este planeta, para nascer, experimentar e aprender, através de corpos mental, emocional e físico.
Quando crianças, somos colocados em um “forma”( desenvolvimento da personalidade), onde nos dizem o que é certo ou errado, como devemos agir para sermos aceitos na sociedade, como devemos nos comportar e sentir, e assim, copiamos os modelos que acreditamos ser “os corretos”: nossos pais, avós, professores, etc. Aos sete anos de idade aproximadamente, a nossa personalidade se cristaliza e a conexão com o nosso espírito vai diminuindo.
Na vida adulta nos desconectamos totalmente da nossa Consciência, com “C” MAIÚSCULO (espírito/essência) e passamos a viver com consciência, “c” minúsculo (personalidade), onde acreditamos que a vida que nos foi ensinada é “a verdadeira” e “definitiva”, e desta forma não há mais nada além da vida na matéria , e saímos freneticamente buscando preencher as nossas necessidades e desejos no mundo exterior – eu quero que o outro me ame, eu que quero ser reconhecido , eu quero ter sucesso, eu quero, eu quero…eu quero….Como se tivéssemos vários buracos dentro de nós e estes só serão tapados com o outro”- perdemos o nosso poder interior.
Consciência (C maiúsculo) = Espírito/Essência
consciência (c minúsculo) = personalidade
Este poder interior só será resgatado através do autoconhecimento. Só poderemos alcançar níveis mais altos de Consciência (se assim o desejarmos, pois cada um faz as suas escolhas), se começarmos a mudar a nossa forma de enxergar o mundo. O ser humano que é consciente aprende cada vez mais, que a vida não é soma de anos vividos, mas, é “estar consciente de cada momento” vivido.
E onde as empresas entram nesta história? Apesar de sermos indivíduos únicos (ligados a uma Consciência maior), como seres humanos necessitamos viver em grupos – sociedade, família, amigos, e as empresas fazem parte deste coletivo. Cada empresa tem a sua cultura e o seu nível de consciência, ou seja, o seu “jeitão de ser”, uma afinidade na forma de pensar, sentir, agir, nos valores e comportamentos. Portanto, para que as empresas acessem e vivam a “sua espiritualidade” elas devem conhecer primeiro o seu nível de consciência. Falar em espiritualidade em empresas que estão preocupadas em sobreviver no mercado, em apenas gerar lucro e valor para os acionistas, que não tem um canal de comunicação transparente com os colaboradores, que possui conflitos entre as principais lideranças é praticamente uma missão impossível. É igual falar de propósito de vida com um indivíduo que está preocupado com a sua sobrevivência, segurança, estabilidade econômica, com necessidades de aceitação e respeito – não vai haver ressonância.
Portanto, estamos vivendo um momento de transição individual e coletiva, e, para ambos é necessário um processo de “autoconhecimento”. Nas empresas, este processo deve começar com as principais lideranças, pois são elas que refletem a cultura, e nos indivíduos, com a vontade de promover as mudanças necessárias para se tornar a sua melhor versão.
A transformação começa com a coragem para mudar (fazer diferente), abandonar o passado, aprender com os erros, integrá-los, abrir-se para o futuro e desenvolver um novo modo de ser (valores, pensar, sentir e agir) para alcançar níveis mais altos de consciência.
Todo ser humano é uma alma , dar voz a ela é uma escolha, assim como o é para as empresas.
Te desejo o melhor,