Tenho que tomar uma decisão e estou em dúvida do que fazer! Pode me ajudar?
Você já recebeu algum telefonema de um amigo ou cliente fazendo esta pergunta a você?
Nos meus processos de coaching percebo o quão difícil é para os meus coachees tomarem decisões em suas vidas, sejam elas de carreira (como mudança de emprego, ou aceitar uma promoção ou mudança de cidade ou país), ou afetivas (como permanecer em um relacionamento ou cair fora, ou casar ou divorciar-se), enfim, as vezes a tomada de decisão se torna um pesadelo. Mas porque isso acontece, mesmo sabendo que a vida é uma sucessão de tomada de decisões?
A palavra decidir vem do latim “decidere” que quer dizer cortar, separar. Portanto quando você decide algo em sua vida, você corta com todas as demais opções que tinha – e decide conscientemente o que é melhor para você no momento, e escolhe.
Mas antes da decisão final, existe todo um processo que você passa e que pode levá-lo ao estresse ou ao engajamento. No estresse o seu foco de atenção vai para as suas inseguranças, dúvidas, falta de fé e medo, o que dificulta a sua decisão, enquanto que no engajamento o foco está no coração, na clareza, autodomínio, e suficiente autoestima para lidar com as situações e tomar as melhores decisões (esta última tem sido mais difícil de constatar).
O processo de decisão tem a ver com o gerenciar as polaridades que você traz dentro de si. Nós seres humanos somos seres duais (temos ao mesmo tempo a alegria/tristeza, a raiva/ódio, amor/indiferença, dentro de nós). Por isso ao tomar uma decisão, você tem que gerenciar as suas polaridades, e as polaridades que mais aparecem antes de uma decisão são: a cautela e a coragem.
Antes de uma decisão você tem que ter a “cautela” para que possa ter um tempo maior e suficiente para analisar, pensar, sentir e vibrar na melhor decisão e não ser levado pela impulsividade e precipitação. Mas, permanecer muito tempo na cautela, pode levar você a pensar tanto nas opções que pode perder o “timing”.
Por outro lado, a coragem vai fazê-lo tomar a decisão, mas, o excesso da coragem, pode levá-lo a precipitação, sem tempo suficiente para analisar a situação da melhor maneira possível. Portanto, a coragem deveria sair de dentro de você, depois de um período de cautela, onde através da observação, você poderá ver se a decisão é melhor para você neste momento ou não.
Gostaria de lhe fazer uma pergunta: O que acontece depois que você toma uma decisão?
É neste ponto que muitos dos meus coachees se frustram. Eles pensam que após a decisão, as coisas vão acontecer no ritmo deles, do jeito deles, e isto grande parte das vezes, não acontece. Aqui é necessário paciência e constância!
Porque paciência? Porque muitas vezes depois da tomada de decisão nem sempre as coisas mudam no minuto seguinte, com certeza elas vão mudar, até porque energicamente você tomou a decisão, mas a mudança precisa de um tempo de elaboração e expansão para acontecer, e, constância para permanecer firme naquilo que você escolheu, entendendo que tudo tem um tempo de maturação.
Aqui gostaria de te fazer uma pergunta: O quão constante você tem sido nas suas decisões? Você tem tido a paciência necessária para permanecer nesta decisão, mesmo que em princípio pareça ter se equivocado?
Após a tomada de decisão, as polaridades que aparecem são: aceitação e saber escolher. Quando você aceita o que vem após a decisão, você se abre a receber o que é seu por merecimento, o que de melhor a vida pode te oferecer, mas, se entra no excesso da aceitação, você pode aceitar as coisas por medo, insegurança, etc. Vou dar um exemplo típico que enfrento com meus clientes de coaching: clientes que perdem o emprego e aceitam a primeira proposta que aparece por medo de não serem capazes de encontrar algo melhor ou algo que realmente lhes dê paixão , preferindo continuar no padrão de trocar tempo por dinheiro. Portanto, neste caso, eles não “sabem escolher”, pois não tomam um tempo importante para reflexão, para discernir o que é bom, o que eles desejam da vida neste momento, pois se o soubesse, parariam um tempo, o necessário, para refletir sobre a vida e a carreira.
Então, o que acontece na sua vida atualmente, é, fruto da consciência que você coloca na tomada de decisões e da constância que coloca nestas decisões, agregado a paciência, valor e ousadia.
Agora mesmo, você decidiu ler este artigo, agradeço por isso, mas, para isso, você teve que cortar com todas as demais coisas . A vida é um constante processo de decisão, decisões importantes e menos importantes, mas todas repercutem na vida que escolhemos viver, nas portas que escolhemos abrir ou fechar, e nas oportunidades que chegam ou que deixamos para trás.
Agora, imagine, uma das decisões importantes da sua vida, e se pergunte: você estaria no mesmo ambiente, no mesmo entorno e no mesmo lugar e com a mesma consciência se não tivesse tomado esta decisão? Quantas portas depois desta decisão importante se abriram para você, graças a esta decisão? Quantas portas não se abriram? Obviamente quando toma a decisão você não pode saber o que o que teria ocorrido com as outras opções. Mas, o que pode fazer é ter a consciência de que se não tivesse tomado tal decisão, não conheceria as pessoas que conheceu, não teria aprendido e adquirido mais conhecimento se esta porta não tivesse sido aberta, muitas coisas não teriam acontecido.
Por vezes, achamos que as nossas decisões são equivocadas, mas, com o passar do tempo, tomamos consciência que não existe certo ou errado, existe a possibilidade de nos abrirmos ao novo e experienciarmos a vida, aprendendo a cada minuto, sob um olhar mais consciente.
A decisão mostra o como você responde a cada momento da vida, pois é uma oportunidade de crescimento e só depende de você !
Termino este artigo com um conto que diz:
Um jovem chamado Daniel tinha uma tia que o amava muito e que durante toda a vida foi muito gentil com ele. Em uma ocasião, a tia quis presentear Daniel, e o levou a um sapateiro para que ele lhe fizesse um par de sapatos especial.
O sapateiro perguntou a Daniel: Você quer sapatos de bico fino ou bico redondo? Daniel gaguejou um pouco, ele não sabia o que ele queria.
O sapateiro disse, “Ok. Volte aqui dentro de alguns dias e me diga o que você quer e eu vou fazer os sapatos. ” Dois dias depois, o sapateiro encontrou Daniel no bairro, e perguntou novamente:
“Você quer que os sapatos com bico fino ou bico redondo?
Daniel respondeu: “Eu não sei”.
O sapateiro disse: “Me procure em dois dias e seus sapatos estarão prontos.”
Quando Daniel foi pegar os seus sapatos ele observou que um pé tinha o bico fino, e outro pé tinha o bico redondo.
O sapateiro olhou para ele e disse: “Isso vai lhe ensinar que a partir de agora, você não deve permitir que as pessoas tomem decisões por você.”
E o jovem Daniel pensou: “Eu aprendi que devo tomar as minhas próprias decisões, porque se não o fizer, alguém o fará por mim”
Se você não se sente confiante o suficiente para tomar uma decisão, porque você tem medo de cometer um erro, lembre-se, que mesmo más decisões podem ser uma excelente oportunidade para aprender. A ajuda sempre é benvinda , mas a decisão sempre é sua!
Tome as suas decisões com segurança e de maneira consciente, sabendo o que é o melhor para você. E, depois de tomar a decisão, persista e seja constante e paciente. Lembre-se de antes de tomar a decisão, ter cautela, fazer análises e seguir o seu coração (as decisões são tomadas pela parte emocional do nosso cérebro), e, em seguida acesse a sua coragem e encare a decisão de frente, sem olhar para trás. Nunca se esqueça que se você não tomar a decisão, alguém vai fazer isso por você, e daí não adiante reclamar ou jogar a culpa no outro!