ONDE ESTÁ A SUA MOTIVAÇÃO? Na dimensão do “EGO” ou da “ALMA”?
Gosto muito dos estudos e da metodologia criada por Richard Barrett um inglês, que por volta dos 55 anos de idade, após uma carreira bem-sucedida na área da engenharia de transportes, se sentiu entediado e sem grande motivação para o seu trabalho, então, decidiu abandonar tudo, para escrever um livro sobre um assunto que a vida inteira tinha sido apaixonado: a transformação pessoal. Então, ele começou a se envolver nas diversas teorias de “níveis de consciência”, como a filosofia védica e hierarquia das necessidades de Maslow. Juntando todas estas teorias, ele descobriu que se as pessoas soubessem os seus principais valores, elas automaticamente descobririam o seu nível de consciência, e foi, então, que surgiu a sua teoria “ sete níveis de consciência”.
Um dos aspectos interessantes do estudo de Richard Barrett, é que ele nos fala que o caminho da transformação do ser humano está em trabalhar o nosso “EGO” para nos reconectarmos com a nossa “ ALMA”.
O “EGO” acredita que vive num mundo exclusivamente material, e que tem uma quantidade limitada de tempo para alcançar os seus objetivos. Ele (ego) acredita na escassez, considera a vida um jogo sem finalidade, e é impulsionado pela necessidade de sobreviver. Está enredado numa experiência diária no plano físico, e está totalmente focado em satisfazer as necessidades de sobrevivência, relacionamento e autoestima.
Já, a “ALMA”, está associada à dimensão energética (ou sutil) do corpo humano. Ela (alma) acredita em abundância e liberdade. Ela se sente confortável com a incerteza e se sente expandida com a mudança. Ela vive num mundo sutil, energético. A alma procura o significado da existência e quer fazer a diferença para estar a serviço do mundo.
Assim, existem duas dimensões tentando satisfazer as nossas necessidades: o “ego” e a “alma”. Quando o centro de gravidade da nossa consciência está na dimensão do ego, nós focamos nos três tipos de necessidades que estão no centro das motivações do ego:
1- Necessidade de segurança física (sobrevivência),
2- Necessidade de amor e pertencimento (relacionamentos) e
3- Necessidade de respeito e reconhecimento (autoestima).
Não sentimos qualquer sentimento de satisfação duradoura, se estas necessidades são satisfeitas, mas, sentimos uma sensação de ansiedade (estresse causado por medos de baixa intensidade) se não forem atendidas. Abraham Maslow chamou essas “necessidades ou deficiências” de básicas- elas são essenciais para manter a estabilidade interna do ego.
Agora, quando o centro de gravidade da nossa consciência está na dimensão da alma, nós nos concentramos em atender às necessidades de nossa alma. Três tipos de necessidades estão no cerne da motivação da alma:
1- Necessidade de encontrar significado ou propósito em nossa existência (coesão interna),
2- Necessidade de realizar esse significado ou propósito (fazer a diferença)
3- Necessidade de servir plenamente o seu propósito (servir).
Quando essas necessidades são satisfeitas, elas não vão embora. Elas produzem níveis cada vez mais profundos de motivação e engajamento.
O processo pelo qual nós mudamos o centro de gravidade de nossa consciência, partindo da satisfação das necessidades do ego e indo em direção à satisfação das necessidades da alma, é chamado de transformação.
E quando ocorre a transformação?
Ela ocorre quando aprendemos a dominar as necessidades do ego e começamos a incluir as necessidades da alma. Os fatores mais importantes que impedem a transformação são os medos do ego. Existem três tipos de medos:
1- Medos baseados na crença de que não existe suficiente dinheiro/segurança/proteção para satisfazer nossas necessidades físicas de sobrevivência;
2- Medos baseados na crença de que não temos suficiente amor/amizade/relacionamentos para satisfazer nossas necessidades emocionais de pertencer;
3- Medos baseados na crença de que não somos bons/importantes/perfeitos o suficiente para satisfazer nossas necessidades emocionais de autoestima.
De onde vem estas crenças?
Estas crenças são aprendidas durante a infância, quando nossas mentes absorvem tudo à nossa volta. Entre as idades de dois a sete anos, nós desenvolvemos fortemente a imaginação e as emoções, mas ainda não desenvolvemos nossa capacidade cognitiva de pensar de forma lógica. Sem o apoio da cognição, nós formulamos nossas crenças pessoais a partir de nossas experiências emocionais, e adotamos as crenças culturais e familiares sem questioná-las. Quando chegamos à adolescência, nossas mentes já foram completamente condicionadas pelas nossas experiências, ambiente familiar (pais) e pelo ambiente/cultura na qual crescemos.
Nossos medos podem ser conscientes ou subconscientes. Um medo consciente é um medo do qual temos conhecimento. Um medo subconsciente é um medo do qual não temos conhecimento, mas que pode tornar-se consciente e ser examinado uma vez que nós tenhamos descoberto a sua existência.
Quando o medo subconsciente move nossas motivações, reagimos emocionalmente às situações, ao invés de responder de forma ponderada, com maior análise. A reação vem antes do pensamento, e, é geralmente acompanhada por um sentimento de impaciência, irritação ou raiva. Se você já respondeu com raiva a alguma situação ou a alguma pessoa, você reagiu com base de uma crença baseada no medo.
Como fazer para acessarmos as crenças?
Quando começamos a trazer os nossos medos subconscientes à nossa consciência, e, aprendemos a gerenciá-los, bem como, as emoções associadas a estes medos, vamos acessando a nossa maestria. Temos que encarar os nossos medos com veracidade para torna-los conscientes.
Assim, cada mente humana tem dois “mestres”: o ego, que está buscando satisfazer suas necessidades físicas e emocionais, e a alma, que está tentando satisfazer suas
necessidades de realização – de expressar o seu propósito de ser e estar no mundo.
Quando entendemos que somos almas vivendo em um corpo humano, temos que reconhecer que precisamos não apenas satisfazer as necessidades do nosso ego e alma, mas também as necessidades do nosso corpo – sem que as necessidades do corpo sejam preenchidas, não temos um veículo através do qual nosso ego e alma possam se expressar.
É apenas quando a atenção da nossa mente se volta para as grandes questões existenciais, tais como:
O que sou?
Quem sou?
E o que estou fazendo aqui?
E quando respondemos estas perguntas – é que finalmente descobrimos qual é o nosso propósito de vida – e somos capazes de criar uma abertura para que a alma influencie as nossas vidas.
Normalmente, nós apenas questionamos quem nós somos e qual é o nosso propósito quando atingimos um ponto em nossas vidas em que temos tudo o que é necessário em termos de bens materiais e relacionamentos, e ainda assim lá no fundo não nos sentimos realizados, ou quando, passamos por um momento difícil, como um “quase morte”, que nos leva a reavaliar a nossa vida.
O grande aprendizado é entender que o nosso ego serve a nossa alma, e quando temos a coragem de encarar os nossos medos, enfrentando o nosso ego, é que conseguimos atingir o nível da transformação, podendo começar a viver o propósito da nossa alma e sermos quem realmente somos, sem mascaras, sem defesas, apenas nós mesmos.
Esta jornada é a que estamos vivendo! Realizá-la só depende de nós!
A Reflexão que deixo para vocês é: Onde está a sua motivação?
Fonte: Richard Barrett – O Novo Paradigma da Liderança.
Neste quadro, vemos os sete níveis de consciência e motivação
OS SETE NIVEIS DA MOTIVAÇÃO HUMANA: do Ego a Alma
Priscila Godoy possui certificação na metodologia de Richard Barrett, CTT1 -Cultural Transformation Tools.