Como está o seu departamento de defesa emocional?
Cada um de nós possui um departamento de defesa emocional, muito bem estruturado. Ficar entorpecido – ou seja -, simplesmente não sentir praticamente nada, por mais perturbador que o sentimento possa ser – é uma forma de negação. Pense em um casamento que está se deteriorando, e no qual uma das partes (e, às vezes, as duas) reage escondendo a energia emocional, em vez de lidar com os problemas difíceis. A racionalização é outra defesa comum contra a verdade. Por exemplo: você pode ter um comportamento de aceitar o feedback do seu chefe que você é rude, impaciente ou critico com as outras pessoas, mas, logo em seguida, atribuir este comportamento à necessidade de realizar uma tarefa de maneira mais rápida.
Cada um de nós possui uma infinita capacidade de se auto enganar. Temos o hábito de eliminarmos da nossa consciência tudo aquilo que consideramos desagradável, perturbador ou contrário à maneira que queremos nos ver. Até que possamos afastar toda a fumaça, limpar os espelhos e olhar honestamente para quem somos, não teremos como começar a mudança.
A negação é o mesmo que tentar segurar uma barragem com uma mão. A pressão dos sentimentos suprimidos, aqueles que não deixamos aparecer, com o tempo, acaba se tornando grande demais, e o custo vai aparecer de alguma forma – ansiedade, depressão, baixa performance e doença. Ela (negação) é uma forma de alheamento, de descaso, contra nós mesmos. Significa trancar uma parte de nós. Quando temos medo da verdade, tornamo-nos mais defensivos, rígidos e contraídos. Como quando tomamos uma anestésico para nos entorpecer perante uma dor, neste caso a verdade que não queremos enxergar!
O fato de nos abrirmos para a verdade sobre nós mesmos, gera liberdade. Como diz o Tao Te Ching : “tudo o que é flexível e flui tende a crescer”.
Para sermos verdadeiros no mundo, e baixar o nosso departamento de defesa, precisamos encontrar um equilíbrio entre encarar honestamente as verdades mais dolorosas e as contradições da nossa vida, e ao mesmo tempo, nos envolvermos com o mundo com esperança e energia positiva.
Vamos considerar que você perdeu o emprego, e não foi lhe dado nenhum argumento, você apenas foi demitido. Nesta situação, vejo muitas pessoas, que projetam todos os sentimentos negativos como a raiva, tristeza, frustração nos outros, sem se dar conta que estes sentimentos são delas próprias – e daí se tornam amarguradas, como se a vida tivesse acabado.
Imaginar o pior em todas as situações é um meio de distorcer a verdade, percebendo-as através de lentes estreitas e pessimistas. “Somatizar” é a conversão de emoções não qualificadas (ansiedade , mágoa, melancolia) e não reconhecidas em sintomas físicos – dor de cabeça, dor na coluna, dor no estômago, e assim vai. A piada de “Woody Allen , “eu não fico com raiva, gero um tumor”, tem uma respeitável dose de verdade.
Examinar honestamente o nosso próprio comportamento é apenas o primeiro passo. Temos que assumir a responsabilidade pelas escolhas que fazemos. Você pode admitir que está 10 quilos acima do seu peso ideal, e por isso os seus exames deram alterado no colesterol e glicemia, e também por isso você se sente cansado e com falta de energia. Mas, também pode desprezar a importância desta verdade, falando a si mesmo “ eu me sinto bem assim, e daí? Quase todo mundo que eu conheço está acima do peso!
Aqui, o desafio não é apenas reconhecer o fato de estar acima do peso, mas também as suas consequências – energia comprometida, probabilidade de contrair diabetes ou doenças cardíacas, além de morte prematura. Somente quando encaramos estas verdades e tomamos uma atitude é que abraçamos inteiramente a verdade. “ A verdade poderá libertá-lo, mas não vai leva-lo aonde precisa chegar” – assumir a responsabilidade pela mudança, isto é fundamental.
Encarar a realidade exige que você se transforme em objeto de pesquisa – ou seja – que comece a fazer um processo profundo de auto-observação, que o responsabilizará pelas consequências energéticas de seus comportamentos.
Como reflexão, deixo algumas perguntas para você averiguar o como você tem administrado a sua energia em relação ao que você diz ser importante para você:
1-Numa escala de 1 a 10, o quanto você está sendo verdadeiro consigo mesmo? Onde estão os pontos de desconexão?
2- Qual a quantidade de energia negativa que você investe em consumo defensivo – frustração, raiva, medo, ressentimento, inveja – em oposição à energia positiva utilizada em prol do seu crescimento e performance?
3- Qual a quantidade de energia que você consome se preocupando, sentindo-se frustrado e tentando influenciar eventos que estão fora do seu controle?
4- Até que ponto você vem investindo a sua energia emocional de forma sabia e produtiva?
Boa sorte!
Fonte: The Power Of Full Engagement – Tony Schwartz