Bons resultados começam com boas perguntas!
Pensar é um processo de perguntas e respostas, e na maior parte do tempo mal temos consciência de que fazemos perguntas a todo o momento em nossas vidas. Quer ver? Quando você saiu para trabalhar hoje, ou levou o seu filho na escola, aposto que fez algumas perguntas do tipo: Como está o tempo? Será que vai chover? Que roupa devo usar? Será que meu terno preferido está limpo? Qual caminho vou ter que pegar para fugir do transito? Como estará o humor do meu chefe? Será que tal pessoa fez o que eu pedi? E aposto que de alguma maneira, você respondeu a grande parte das perguntas, agindo… Escolheu a roupa, escutou a previsão do tempo no rádio, pediu para o Waze lhe dar os melhores caminhos para o trabalho e ligou para tal pessoa para saber se estava tudo certo! Isto é só um exemplo das perguntas que fazemos a nós mesmos no dia a dia.
Para contextualizar melhor este tema, vou contar um caso com um cliente. Certa vez, um profissional da área de vendas me procurou por vontade própria para realizar o programa de coaching. Ele estava enfrentando um desafio profissional. Dizia-se apaixonado pelo que fazia, bem como pela empresa onde trabalhava, porém, há tempos não estava se dando bem com o chefe, e por isto, estava pensando em pedir demissão e desligar-se da empresa.
Depois de algumas conversas perguntei a ele, quais as perguntas que ele estava fazendo a si mesmo com relação ao seu chefe. No primeiro momento, ele não entendeu muito bem, mas depois de uma pequena reflexão, respondeu: “ Quem ele pensa que é para julgar todo mundo em sua volta? Porque ele é tão egoísta? Faço tudo pela empresa, então o que eu fiz para merecer este tratamento?
Expliquei para o meu cliente o método “QuestionThinking” que diz que temos dois caminhos a tomar nas diversas situações: ou escolhemos o caminho do crítico ou o o caminho do aprendiz. E para descobrir qual era o caminho que ele estava trilhando, propus a observação das perguntas pertinentes a cada um:
Ele imediatamente constatou que estava tomando o caminho do crítico. Quando o coach percebe isso, deve fortalecer o papel do eu-observador no seu cliente, levando-o a entender qual o jeito que pensa, sente e age. No caso do meu cliente, ele tinha pensamentos condenatórios em relação ao seu chefe, estava considerando apenas a sua própria perspectiva , sem olhar a situação como o todo . Como sentia que estava perdendo o controle , se isolava do ambiente, desmotivando-se.
Com o processo auto investigativo o cliente percebeu que o “crítico” estava presente em todas as áreas da sua vida, e decidiu tentar ver a situação de maneira diferente, utilizando o processo chamado ABCD .
A – Tomada de Consciência (Estou no caminho do crítico?) Percebeu que grande parte das vezes este era o caminho escolhido por ele. E o que mais lhe incomodava na situação com o seu chefe, era que não se sentia reconhecido da maneira que ele gostaria – não era elogiado – e isto o colocava em uma posição reativa, o que o levava a um atoleiro de críticas (meu chefe é injusto, não olha o que faço, não me dá atenção, etc).
B- Refletir (Será que preciso recuar, fazer uma pausa e tentar ver essa situação de forma mais objetiva?) Percebeu que não via a situação de maneira objetiva e deixava as emoções tomarem conta dele. Quando entregava relatórios ao chefe com números satisfatórios, o chefe apenas dizia, depois vou analisar com mais calma e te dou um retorno, e, ele ficava com raiva, achando que não era reconhecido e que não tinha a atenção necessária. Começou a olhar a situação de outra perspectiva, como um aprendiz faria.
C- Curiosidade (Será que disponho de todos os fatos? O que está, na verdade acontecendo?) Um dia decidiu falar com o chefe sobre o seu “não reconhecimento”, mas antes de começar a falar, fez uma pergunta: “chefe como está vendo a situação atual da empresa”? E foi daí que ele se surpreendeu. O seu chefe lhe disse que estava muito preocupado, pois a empresa não estava conseguindo alcançar os resultados desejados, e que se isso não mudasse, em breve teriam que fazer algumas mudanças que impactaria no fechamento de algumas unidades e consequente demissão de pessoas. Neste momento, meu cliente se abriu a considerar a perspectiva do seu chefe, colocando-se no lugar dele e pensou “ não deve estar sendo nada fácil”, e sentiu-se constrangido de querer tanta atenção do chefe no meio do furacão. Sua decisão aqui, foi apenas ouvir o seu chefe para entender realmente o que estava acontecendo, sem fazer julgamentos. E ambos, tiveram uma conversa ótima.
D – Escolha (Quais são as minhas opções?) Depois desta conversa, o meu cliente percebeu que realmente se importava com a empresa, pois gostava do que fazia, tinha uma equipe boa, de pessoas comprometidas, e então, decidiu permanecer e apoiar o seu chefe.
A partir deste momento, meu cliente, começou a fazer constantemente estas perguntas para si mesmo, principalmente quando sentia que entrava no caminho do crítico. Como aprendizado disse que começava a entender que o tipo de pergunta que fazia a si próprio o levava a abrir novas perspectivas e possibilidades, mas ,que também poderia conduzi-lo à inércia e ao desespero.
Depois de conseguir observar seus pensamentos e reconhecer a diferença entre o crítico e o aprendiz, ele aprendeu a se responsabilizar mais, no sentido de dar melhores respostas às situações, sem stress e com maior maturidade emocional.
Depois de algum tempo que havíamos finalizado o programa de coaching, ele me ligou dizendo que a empresa tinha feito uma parceria com uma multinacional, e estava em uma situação melhor, e ele havia sido promovido.
Albert Einstein dizia: “Se eu tivesse uma hora para resolver um problema e minha vida dependesse dessa solução, eu passaria 55 minutos definindo a pergunta certa a se fazer”.
Reflexão: Que perguntas você tem feito a si próprio? Tais perguntas tem levado você ao caminho do crítico ou do aprendiz?
Fonte: “QuestionThinking”, Marilee Adams, PHD, fundadora do “ The Center for Inquiring Leadership (Centro de Liderança Indagadora).
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