
“Não é o estresse que adoece… é o vazio de não ter com quem dividir a dor”
Uma reflexão sobre saúde emocional, conexão humana e o verdadeiro significado do sofrimento
Vivemos em uma cultura que glorifica a produtividade, exalta a força individual e, muitas vezes, silencia a dor. Somos ensinados desde cedo a “dar conta”, a “seguir em frente”, a “não demonstrar fraqueza”. Nesse cenário, o estresse é frequentemente visto como um inimigo visível e inevitável — o vilão responsável por nossas doenças, cansaços e colapsos emocionais.
Mas e se o verdadeiro problema não fosse o estresse em si?
Segundo o médico e autor Gabor Maté, especializado em traumas, vícios e saúde mental, o que realmente adoece não é o estresse, mas a solidão emocional. É o vazio de não ter com quem dividir a dor. É a ausência de espaço seguro para sermos vulneráveis, autênticos e compreendidos.
A dor que se cala, adoece o corpo
Gabor Maté explica que muitos de nós aprendemos a suprimir emoções ainda na infância. Choros ignorados, medos invalidados, dores invisíveis. Essa adaptação emocional, que nos ajuda a sobreviver nos primeiros anos, cobra um alto preço na vida adulta: nos desconectamos de nós mesmos e dos outros.
E quando não temos com quem compartilhar nossos sentimentos mais profundos — mágoas, lutos, medos, frustrações — o corpo fala por nós. As emoções não expressas se somatizam em doenças autoimunes, vícios, depressão, ansiedade ou sintomas físicos sem causa aparente.
Conexão é cura
Diversos estudos em neurociência e psicologia afirmam o que Gabor Maté há anos sustenta em sua prática clínica: relações humanas autênticas são fundamentais para a saúde. O cérebro e o corpo humano foram moldados para o vínculo, para o afeto, para a troca emocional. Quando essas conexões faltam, nosso sistema nervoso vive em constante estado de alerta.
É por isso que momentos de escuta verdadeira — seja em uma amizade, em um relacionamento ou no ambiente terapêutico — podem ser tão transformadores. Quando nos sentimos vistos e acolhidos em nossa dor, o sofrimento deixa de ser um fardo solitário e se torna uma experiência compartilhada. Isso, por si só, já é um passo importante para a cura.
Estresse não é o inimigo — a desconexão é !
Não podemos eliminar completamente o estresse da vida moderna. Mas podemos aprender a criar espaços de conexão e acolhimento, onde as emoções possam ser sentidas e expressas com segurança.
Esse é o convite de Maté: olhar para além dos sintomas e compreender a raiz emocional da dor. Buscar relações mais verdadeiras. Cultivar conversas mais honestas. E acima de tudo, permitir-se sentir.
Porque no fim das contas, não é o estresse que nos adoece… é a solidão de carregar tudo isso sozinhos.
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